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QUARTA-FEIRA
18 de agosto

9h - 9h15: Abertura do evento

9:15 - 11h: Conferência de abertura

 

François Soulages 

A Paisagem Online e o Selfie

11:00 - 12h: Debate

Mediadora

Profa. Dra. Susana Dobal (Unb-FAC)

 

 ~Intervalo almoço~

14h30 - 16h30: MESA 1 – Arte, pesquisa e dispositivos na criação imagética da paisagem

14h30-14h50

Klaus Speidel 

Como as paisagens se tornaram histórias: das figuras aos rastros

 

14h50 – 15h10

Karina Dias (UnB-IdA) 

Vídeo-paisagem: a medida, a imensidão

15h10 – 15h30

Antônio Fatorelli (ECO-UFRJ)

Modulações da imagem

 

15h30 – 15h50

Mariana Capeletti (PUC-GO)

Sob o Véu da Guerrilha: Vestígios da guerra na paisagem do Pará

 

15h50 – 16h30: Debate

 

Mediador

Prof. Dr. Rafael Castanheira (UCB)

QUINTA-FEIRA
19 de agosto

9h30 – 11h30: MESA 2 - Fotografia e reconfiguração da paisagem urbana

9h30 – 9h50

Susana Dobal (Unb-FAC)

Da Land Art ao acampamento Terra Livre: paisagens em trânsito

9h50 – 10h10

Osmar Gonçalves (UFC)

Do monumento à vertigem: novas paisagens na fotografia urbana brasileira

10h10 – 10h30

Gabriela Freitas (Unb-FAC) 

Imagens projetadas na paisagem urbana e as heterotopias imaginárias 

10h30 – 11h30: Debate

Mediadora

Profa. Dra. Rose May (FAC-UnB)

 ~Intervalo almoço~

14h30 – 16h30: MESA 3 – Narrativas e poéticas documentais na paisagem fotográfica

 

14h30 – 14h50

Ernesto Livon Grosman (Boston College) 

A inscrição da natureza em duas paisagens nacionais 

 

14h50 – 15h10

Rafael Castanheira (UCB)

As paisagens interiores de Claudia Andujar

 

15h10 – 15h30

Nana Brasil Falcão Nascimento (UnB – FAC)

A Amazônia pelas lentes de Luiz Braga

 

15h30 – 15h50

Luzo Reis (UnB – FAC)

Expondo as sombras: paisagens noturnas na fotografia de Georges Brassaï, Cláudia Andujar e Antoine D'Agata

 

15h50 – 16h30: Debate

 

Mediadora

Profa. Dra. Susana Dobal (FAC-UnB)

019h30 - 21h30: Exibição do filme “Wolff em Composição”, de Ernesto Grosman, seguida de debate com o autor

SEXTA-FEIRA
20 de agosto

9h30 - 11h30: MESA 4 - A Paisagem, o som e o tempo em narrativas audiovisuais

 

9h30 – 9h50

Yanet Aguilera (UNIFESP)

As imagens audiovisuais para além dos conceitos de paisagem visual e sonora 

 

9h50 – 10h10

Rose May Carneiro (Unb-FAC)

No Decurso do Tempo, a fotografia, o cinema e o devir

     

10h10 – 10h30

Ronald Jesus (Unb-FAC) 

O choque lumínico no Sertão do Cinema Contemporâneo

 

10h30 – 11h30: Debate

 

Mediador

Prof. Dr. Rafael Castanheira (UCB)

 ~Intervalo almoço~

14h30 – 16h30: MESA 5:  Experienciar, codificar e apropriar-se da paisagem

 

14h30 – 14h50

Patricia Franca-Huchet (UFMG)  

Uma paisagem para Antígona: narrativa fotográfica e literária 

 

14h50 – 15h10

Tiago Quiroga (Unb-FAC)

A comutação da paisagem

 

15h10 – 15h30

Denise Moraes (UnB – FAC) 

Cartografias digitais da cidade: narrativas de si e paisagem

 

15h30 – 15h50

Lourenço Cardoso (UniCEUB) 

Olhares múltiplos, paisagens fragmentadas e narrativas autorais:
uma análise do prêmio Olhar Brasília de Fotografia

 

15h50 – 16h30: Debate

 

Mediadora

Profa. Dra. Rose May (FAC-UnB)

RESUMOS DOS TRABALHOS E MINICURRÍCULOS DOS AUTORES
 

18/08: QUARTA - FEIRA

CONFERÊNCIA DE ABERTURA

 

François Soulages

A Paisagem online e o selfie

O selfie revoluciona a fotografia e a representação não tanto quanto um retrato pretendido do sujeito (cf. nosso livro Egon line), mas como um trabalho de representação do resto, e em prioridade da paisagem

Na verdade, a paisagem é transformada entre enfeite e o corpo mesmo da imagem, assim como o todo, no compartilhamento e na interação do online. Isso ocorre porque a paisagem se torna online, apesar das aparências e das aparições do pretendido sujeito do selfie. Além disso, as transformações ao mesmo tempo geopolíticas, geográficas, econômicas, tecnológicas, ecológicas e climáticas nos levam a estabelecer novas relações com o território e o meio ambiente. 

Seria possível dizer então que a paisagem, que começou como gênero independente com a pintura holandesa do século XVII e se estabeleceu com o paisagismo inglês do século XVIII, informa e transforma nossa sensibilidade e aumenta nossas percepções, relativamente às transformações e mutações do mundo contemporâneo? O estudo do selfie online e da arte contemporânea nos permite melhor pensar o problema. 

François Soulages é filósofo, professor (Université Paris 8, Labo AIAC, Arts des Images & Art Contemporain, et Institut National d’Histoire de l’Art) e Presidente-fudador da Cooperativa de Pesquisa  RETiiNA.International (Recherches Esthétiques & Théorétiques sur les images & imaginaires Nouveaux & Anciens). Publicou cerca de 90 livros pessoais ou sob a sua direção, sempre com textos seus também. É especialista em fotografia e publicou 35 livros sobre esse assunto, entre eles, Esthétique de la photographie, publicado em nove línguas, inclusive no Brasil (Estética da Fotografia: perda e permanência. São Paulo, SENAC, 2010). Ele reflete sobre o digital e a internet, as fronteiras e a exterioridade, a imagem e a sociedade, o local e o global, a fotografia e a literatura, a interpretação e o tempo, a psicanálise e a filosofia. Seis livros nas Américas e na Europa foram publicados sobre as suas pesquisas. Trabalha na Europa, mas principalmente na Ásia (do Leste) e na América do sul.


 

MESA 1 – ARTE, PESQUISA E DISPOSITIVOS NA CRIAÇÃO IMAGÉTICA DA PAISAGEM

 

 

Klaus Speidel

 Como as paisagens se tornaram histórias: das figuras aos rastros

 

“O caçador poderia ter sido o primeiro a “contar uma história” porque apenas caçadores sabiam como ler uma sequência coerente de eventos a partir dos sinais silenciosos (ainda que não imperceptíveis) deixados pela presa” (Carlo Ginzburg, 1979). A leitura de rastros é uma habilidade humana fundamental desenvolvida pelas sociedades caçadoras e coletoras pré-históricas. Não é, portanto, nenhuma surpresa que as antigas representações nas paredes das cavernas já mostrem rastros da caça junto com imagens de humanos e animais. Apesar disso, a teoria da arte e da imagem tem se concentrado principalmente na representação de figuras, e não de rastros, ao abordarem a questão da narrativa visual. Na minha apresentação, vou deslocar o foco para investigar como artistas em diferentes épocas e lugares têm se apoiado em uma combinação de figuras e rastros para contar histórias em paisagens, sob a alegação de que a própria paisagem conta a história. 

 

Klaus Speidel é um teórico da imagem e da arte, filósofo, crítico de arte e curador. Estudou filosofia e história da arte em Munique e Paris e fez o doutorado na Universidade Paris 4 – Sorbonne, quando investigou a narrativa visual em imagem única. Em 2015, recebeu o Prêmio Aica France de Crítica de Arte. Fez a co-curadoria da exposição “Fragile Creation” que trata da nossa relação com a natureza no Dom Museum de Viena, aberta até outubro de 2021. Website: klausspiedel.com  


 

Karina Dias

Vídeo-paisagem: a medida, a imensidão

Experiência sensível do espaço, a paisagem é mais do que um simples ponto de vista óptico. É ponto de vista e ponto de contato, pois, nos aproxima distintamente do espaço, porque cria um elo singular, nos entrelaçando aos lugares que nos interpelam. Certamente, a paisagem deriva de um enquadramento do olhar, alia o lado objetivo e concreto do mundo e a subjetividade do observador que a contempla. Assim, imersos na paisagem sentimos o mundo, sentimo-nos no mundo, desvelamos a imagem de um mundo vivido. Percorremos uma geografia que, a um só tempo, é vivida em sua exterioridade e também é íntima. Muitos de meus trabalhos em vídeo surgem então de uma intensa experimentação na paisagem do local filmado, são fruto de um tempo vivido em extensas geografias e sua realização inclui caminhar, observar e filmar.

Karina Dias é artista visual  e professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, atuando na graduação e pós-graduação. Pós-doutora em Poéticas Contemporâneas (UnB), Doutora em Artes pela Université Paris I – Panthéon Sorbonne. Trabalha com vídeo-instalação. É autora do livro: Entre visão e invisão: paisagem (por uma experiência da paisagem no cotidiano).Coordena o grupo de pesquisa vaga-mundo: poéticas nômades (CNPq). Sua pesquisa está centrada nas poéticas da paisagem e da viagem, na geopoética, nos processos de produção artística, no lugar e seus modos de imaginação.  www.karinadias.net  https://cargocollective.com/vaga-mundo


 

Antonio Fatorelli

 Comunicação: Modulações da imagem

 

Pretende-se examinar, com a apresentação dos ensaios ‘Paisagens marinhas’, ‘Um mil’, ‘Paisagens invisíveis’ e ‘Reversos’, de minha autoria, os múltiplos e dinâmicos lugares endereçados ao criador, à mediação tecnológica e ao universo sensorial no âmbito da prática fotográfica. A partir da percepção das relações diferenciais estabelecidas entre esses três domínios no âmbito de cada um desses ensaios, buscaremos observar diferentes modos de temporalizar a imagem e de configurar a paisagem.

Antonio Fatorelli É professor na graduação e na pós-graduação (PPGCOM) da ECO/UFRJ. É líder do Grupo de Pesquisa 'Fotografia, imagem e pensamento', cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, e pesquisador do Núcleo N-Imagem (ECO/UFRJ). Publicou recentemente o livro 'Fotografia contemporânea: entre o cinema, o vídeo e as novas mídias'. Coordena o projeto 'Midiateca da ECO/UFRJ' e o ‘Laboratório de Fotografia e Imagem Digital’, da Central de Produção Multimídia (ECO/UFRJ).


 

Mariana Capeletti 

Sob o Véu da Guerrilha: Vestígios da guerra na paisagem do Pará

 

Entre 1970 e 1974, ocorreu na Região Norte do país a Guerrilha do Araguaia, um movimento que buscava combater a Ditadura Militar e semear a revolução a partir do campo. Tal movimento foi fortemente reprimido pelas Forças Armadas Brasileiras deixando aproximadamente 79 mortos/desaparecidos e apenas 20 sobreviventes. Mas não foram apenas soldados militares e guerrilheiros revolucionários que sofreram os efeitos deste conflito. Durante a caçada aos guerrilheiros, as Forças Armadas adotaram a tática de utilizar-se da população local para desbravar o território onde se encontravam os guerrilheiros, submetendo moradores e camponeses da região à tortura, trabalho forçado não remunerado, destruição de suas residências, incêndio de suas lavouras, entre outras práticas humanamente abomináveis. Este que é um dos momentos mais representativos do período ditatorial brasileiro permaneceu em completa penumbra por mais de duas décadas, sendo acaçapado tanto pelas Forças Armadas quanto pelo Partido Comunista. Walter Benjamin diz que é preciso contar a história a partir dos oprimidos e perdedores, e é nesse viés que se pauta o ensaio fotográfico “Sob o véu da Guerrilha” que realizei em 2017 na região sudoeste do Pará. Será analisada parte das fotografias do ensaio, composta por retratos, fotos em/de casas, paisagens e ruínas onde ocorreram as batalhas, lugares que não são retratados como um cenário de guerra, mas como um lugar de memória e resistência, onde estas pessoas lutaram para reconstruir suas vidas, profundamente afetadas pelas consequências da Guerrilha.

Mariana Capeletti tem 32 anos e reside em Goiânia - Goiás, é bacharel em comunicação social pela PUC-GO, especialista em Cultura e Criação pelo Senac e em Processos, Gestão e Cultura Contemporânea pelo Madalena Centro de Estudos da Imagem/Unimes. Mestre e doutoranda em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás, onde atuou como professora de fotografia até 2017, juntamente com as faculdades, PUC e Senac. Ganhou o concurso internacional de fotografia analógica experimental da Petrobrás em 2011 que resultou em uma exposição no MAM-RJ. Dedicou-se durante um longo período aos estudos de processos fotográficos do século XIX e a docência. Em 2016, retornou a produção fotográfica através de projetos autorais de temas da sua região, como por exemplo, trabalho fotográfico documental sobre a Guerrilha do Araguaia (premiado no 13º Paraty em Foco na categoria ensaio), o desastre radiológico do Césio 137 e a história de Santa Dica de Goiás.



 

19/08: QUINTA- FEIRA


 

MESA 2 – FOTOGRAFIA E RECONFIGURAÇÃO DA PAISAGEM URBANA

 

 

Susana Dobal

Da Land Art ao acampamento Terra Livre: paisagens em trânsito

 

A Land Art, surgida na década de 60, se baseava na arte realizada em interação com o ambiente e surgiu em contexto de oposição ao sistema de comercialização da arte, entre outras prerrogativas. Richard Long, um dos seus expoentes, realizou obras que eram linhas e círculos em meio à natureza como referência a caminhadas. Em 1999, o artista Vik Muniz faz uma série de recriações de paisagens clássicas da história da arte e incluiu obras de Robert Smithson, outro artista da Land Art que realizou obras com espirais e círculos em ambientes abertos. Em 2019, o fotógrafo Diego Bresani posta uma imagem no Instagram que faz referência explícita à Land Art e ao rastro do acampamento indígena Terra Livre recém-ocorrido na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Em princípio, apenas um círculo e um descampado em torno unem essas três paisagens. No meio, séculos de assimilação da noção de paisagem, que também inclui a Land Art, fazem com que ela possa ser reconhecida por obra de um acaso, que fala por obra de um fotógrafo. No meio ainda, há décadas de confronto da causa indígena com o Estado brasileiro. Ao fim, uma questão a ser explorada: qual a reaparição possível (e antropofágica) para a paisagem aprendida na história da arte e eventualmente reencenada em solo brasileiro em 2019? 

Susana Dobal é professora na Universidade de Brasília e fotógrafa. Tem mestrado pelo programa conjunto do International Center of Photography e da New York University (ICP/NYU) e doutorado pelo Graduate Center/CUNY. Participou de mais de trinta exposições. Publicou artigos sobre fotografia, cinema e arte contemporânea e o livro Peter Greenaway and the Baroque: writing puzzles with images (2010). Junto com Osmar Gonçalves, organizou o livro Fotografia Contemporânea: fronteiras e transgressões (2013). Atua na pós graduação da UnB/FAC na linha de pesquisa Imagem, Estética e Cultura Contemporânea. Temas de pesquisa: diálogo entre as artes e experimentações com narrativas visuais. Menção honrosa no Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, categoria Inovação e Experimentação, em 2019. 

 

Osmar Gonçalves

A sobrevivência dos vagalumes
Esta série surge de uma questão primordial: afinal, quais são os limites e as fronteiras dentro da cidade? Para quem ela vem sendo pensada e construída hoje? Desde 2014, tenho viajado por diversas cidades da América Latina fotografando as ruas à noite e, em cada uma delas, me surpreendo com o grande número de ambulantes povoando as praças, ocupando as calçadas, disputando cada centímetro vago nas esquinas. Envoltos na penumbra, eles emergem como vagalumes, como pequenos seres luminescentes, erráticos que, por meio de seus gestos nômades, afirmam outros modos de compreensão da cidade, outras formas de viver e praticar o espaço urbano. É que diante dos projetos de urbanização atuais, marcados pela gentrificação, pela assepsia e espetacularização dos espaços, os ambulantes surgem como forças de resistência, como pequenas insurgências a nos oferecer um tipo de experiência desviante – experiências que desorganizam as fronteiras, que subvertem as linhas demarcatórias do espaço urbano, reafirmando usos mais lentos e coletivos da cidade.

Osmar Gonçalves é doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010), com bolsa-sanduíche na Bauhaus-Universität (Alemanha), financiada pelo DAAD/Capes. Realizou pós-doutorado em Cinema e Arte Contemporânea na Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 (2015), com bolsa Capes. Atualmente, é Professor Associado do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará, concentrado principalmente nas áreas de fotografia, teoria da imagem e estética do audiovisual. É Diretor Científico da Compós (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação) e líder do IMAGO - Laboratório de Estudos de Estética e Imagem. Coordena o projeto de pesquisa Do visível ao inapresentável: apontamentos sobre a fotografia latino-americana contemporânea, financiado pelo CNPq (Edital Universal - MCTI/CNPQ Nº 01/2016). Foi Coordenador do GT Comunicação, Artes e Tecnologias da Imagem da Compós entre 2018 e 2019, do ST Interseções Cinema e Arte da Socine entre 2016 e 2019, e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC entre 2017 e 2019. Organizou os livros Narrativas Sensoriais: ensaios sobre cinema e arte contemporânea (Circuito, 2014), ganhador do Prêmio FUNARTE de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais e, junto com Susana Dobal, Fotografia Contemporânea: fronteiras e transgressões (Casa das Musas, 2013). Realiza ainda atividades como parecerista/consultor para CAPES, CNPq e para diversas revistas nacionais e internacionais na área de Comunicação, Fotografia, Cinema e Artes. 

 

Gabriela Freitas

Imagens projetadas na paisagem urbana e as heterotopias imaginárias

 

Pretendemos investigar algumas obras de artemídia contemporânea que se utilizam do recurso da projeção em ambiente urbano, alterando a paisagem da cidade e reconfigurando os espaços de convivência na urbe. Criam-se aí topologias imaginárias que dialogam com as imagens projetadas e as imagens mentais resultantes da experiência subjetiva do participador da obra — configurada, geralmente como instalação. Nessas experiências há uma reapropriação do dispositivo de projeção, inicialmente característico do cinema, para criar um resultado híbrido situado no campo expandido de diálogo entre linguagens variadas da arte. Para além do resultado imagético ou artístico, chama atenção nessas obras seus desdobramentos sociais e coletivos.

Gabriela Freitas é professora adjunta da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), com participação no grupo de pesquisa SIRUIZ do Programa de Pós-Graduação da mesma instituição e GEAP da Unicamp. Realiza pesquisas nas seguintes áreas: Estética, Artemídia, Fotografia e campos expandidos, noções de espaço e paisagem e hibridismo entre linguagens artísticas, com ênfase em intervenções urbanas. É doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (2014) com período sanduíche na Universidade Sorbonne Paris - IV. Sua tese foi premiada com o Prêmio de Dissertações e Teses da Universidade de Brasília em 2015. Possui mestrado profissionalizante (2005) em Design pelo Istituto Europeo di Design de Milão e mestrado acadêmico em Comunicação (2009) pela Universidade de Brasília. Em 2018 publicou o livro “Estética em fluxo. Experiência e devir entre artemídia e comunicação” pela editora Appris.


MESA 3 – NARRATIVAS E POÉTICAS DOCUMENTAIS NA PAISAGEM FOTOGRÁFICA

 

Ernesto Livon Grosman (Boston College)

 A inscrição da natureza em duas paisagens nacionais 

A paisagem é o andaime no qual o estado-nação sustenta narrativas das suas origens. Essa estrutura representacional usa a paisagem para contar uma história fundadora que gira em torno da relação entre a natureza e a cultura. Na Argentina, a paisagem da Patagônia foi associada com a ideia de vazio que solicitava uma ocupação territorial e a necessidade de exploração econômica e científica. Narrativas de viagem cuidadosamente desenvolvidas ajudaram a criar o imaginário de uma paisagem que necessitava de ser dominada para dar lugar a uma nova nação. Na Nova Inglaterra (New England), no nordeste dos Estados Unidos, a paisagem também foi uma noção instrumental para desenvolver narrativas nacionais fundadoras. Da literatura à música, a cultura inscreveu a natureza com a ideia de um território excepcional que esperava tornar sublime o político. Em ambos os casos, as paisagens são estruturas prontas para desenhar a ideia de nação. 

Ernesto Livon Grosman nasceu e cresceu na Argentina, é escritor e cineasta,ensina literatura e cinema no Departamento de Comunicação do Boston College. Seus filmes incluem Madi (2016), sobre o movimento construtivista na Argentina e no Uruguai durante os anos 1940 e Brascó (2013), uma história da vida política e cultural da Argentina nos últimos cinquenta anos pelos olhos do poeta, editor e artista Miguel Brascó. Escreveu, editou e contribuiu para diversos livros, ensaios, filmes e projetos online sobre o trabalho experimental de vários poetas e cineastas latino-americanos. Seus livros incluem The Oxford Book of Latin American Poetry (2009) e Geografías Imaginarias: La patagonia y la literatura de viaje (2004). Seu filme mais recente é Wolff On Composition (2021) obra a obra experimental do músico Christian Wolff. 


 

Rafael Castanheira

 As paisagens interiores de Claudia Andujar

 

O termo paisagem é polissêmico. Seus sentidos podem variar de acordo com as acepções particulares das muitas áreas do conhecimento que a ele recorrem, notadamente a arte, a geografia, entre outras. Nesse sentido, este artigo aborda primeiramente a origem e constituição do conceito de paisagem a partir de revisão bibliográfica de autores como Anne Cauquelin e Javier Maderuelo. Posteriormente, analisa parte das fotografias da série “Territórios Interiores” de Claudia Andujar, que parece não se interessar exatamente em dar uma visão geográfica documental dos ambientes registrados e sim mostrar detalhes que ofereçam uma ideia do conjunto ou ritmos que levam a imagem a quase uma abstração. Partindo do seu acervo de trabalhos anteriores de documentação da Amazônia e de outros estados brasileiros, a fotógrafa elabora uma narrativa sensível com imagens de temas distintos, mas que estabelecem simbolicamente um elo que sugere ao leitor um caminho visual em direção ao sublime, ao indescritível, o qual é sutilmente transmitido por fragmentos captados por uma visão mais íntima da autora sobre o mundo exterior e visível.

Rafael Castanheira nasceu em Goiânia, GO, 1977. Vive e trabalha em Brasília, DF. Fotógrafo e pesquisador, tem doutorado em Comunicação (2017) pela Universidade de Brasília (UnB) com estágio sanduiche na Université Paris 8 – Vincennes Saint-Denis e mestrado em Artes e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Possui experiência nas áreas de Educação e Comunicação, com ênfase em Fotografia, pesquisando principalmente temas como fotojornalismo, documentação fotográfica e arte contemporânea. Atuou como fotojornalista no Rio de Janeiro, Brasília, Amazonas e Mato Grosso. Desde 2007 trabalha como professor de fotografia, tendo lecionado na UFG, PUC (GO) e no Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB). Atualmente, é professor na Universidade Católica de Brasília e desenvolve projetos em fotografia, como ensaios, pesquisas e curadorias. 


 

Nana Brasil Falcão Nascimento

 A Amazônia pelas lentes de Luiz Braga

 

Produzidas em meio à magnitude de uma região de múltiplas riquezas – a Amazônia brasileira – as imagens do fotógrafo paraense Luiz Braga desvelam fragmentos deste vasto mundo, onde ganham destaque o componente humano, o universo do caboclo, o cotidiano da população ribeirinha. Expoente da fotografia contemporânea feita no Brasil, a obra de Braga atravessa o antropológico e o poético, o valor documental e a expressão artística. Neste trabalho, buscaremos examinar a produção imagética do fotógrafo a partir de três eixos propostos pelo teórico francês André Rouillé. Na contemporaneidade, segundo Rouillé, a noção de fotografia documental se ampliou, passando a abarcar a escrita da imagem (o estilo, a forma), a subjetividade do fotógrafo (dimensão emocional) e o dialogismo (abertura para o outro, o que implica um envolvimento maior dos sujeitos fotografados). Assim, com suas cores realçadas pelo encontro de luzes naturais e artificiais, suas distorções cromáticas que beiram o realismo mágico, sua estética singular e seu profícuo encontro com os personagens amazônicos, a obra de Luiz Braga pode ser lida através da ótica desta nova visualidade.

Nana Brasil é jornalista, fotógrafa e pesquisadora da imagem. Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (2010) e pós-graduada em Comunicação e Semiótica pela Universidade Estácio de Sá (2016), concluiu em setembro de 2020 o mestrado em Imagem, Estética e Cultura Contemporânea pela Universidade de Brasília – UnB. 

 

 

Luzo Reis

Expondo as sombras: paisagens noturnas na fotografia de Georges Brassaï, Cláudia Andujar e Antoine D'Agata

Partindo da obra de alguns fotógrafos que trabalharam com a noite (como George Brassaï, Cláudia Andujar e Antoine D’Agata) discutiremos como a imagem fotográfica criou ao longo do século XX paisagens e estéticas noturnas. Se a noite foi valorada como algo negativo pela razão iluminista e pelo cientificismo moderno - lugar do descaminho, do improdutivo, da falta de objetividade e da perdição - ela é revalorizada na obra desses fotógrafos enquanto espaço de novas sensibilidades e potencialidades. A partir de imagens polissêmicas e contestadoras da suposta objetividade da fotografia, esses trabalhos chamam a atenção para a lascívia, a animalidade e a espiritualidade não enquanto aspectos desviantes, mas como marcas de subjetividades que reivindicam por outros caminhos seu espaço no mundo.

Luzo Reis possui graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal de Mato Grosso (2008). Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela mesma Universidade, na linha de pesquisa: comunicação e mediações culturais (2012). Doutorando em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (Ano de ingresso: 2018) com pesquisa em Fotografia Documental Contemporânea. Produtor Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso, fotógrafo e documentarista.


 

19h30 – 21h30: Exibição do filme “Wolff em Composição”, de Ernesto Grosman, seguida de debate com o autor.   

 

Esse raro documentário sobre o compositor Christian Wolff (1934) – uma figura chave na história da música experimental estadunidense – atravessa o território das composições do mais jovem membro da New York School, que levou o I Ching a John Cage e que desenvolveria uma versão própria da indeterminação na música. Com entrevistas com a lenda viva que é Wolff e também com músicos experimentais e companheiros compositores como Michael Pisaro, Nicolas Collins, Michael Parsons, Robyn Schulkowsky, Amy Beal e Larry Polansky, o filme explora a filosofia e a política inerente às composições do Christian Wolff, ilustradas pelas belas – e com frequência intencionalmente criptografadas – partituras, cuja interpretação leva a uma colaboração entre o compositor, o performer e o ouvinte. Conspirando atentamente com a arte sinergética e variada do Wolff, a experimentação formal do filme tece a paisagem como um elemento chave da narrativa em uma espaçosa cinematografia.



 

20/08:  SEXTA-FEIRA


MESA 4 – A PAISAGEM, O SOM E O TEMPO EM NARRATIVAS AUDIOVISUAIS

 

Yanet Aguilera

As imagens audiovisuais para além dos conceitos de paisagem visual e sonora

O mundo soa e não estamos fora dele. Embora o que aparece no audiovisual não seja o mundo e, aparentemente, estejamos fora do universo mostrado, não podemos simplesmente colocar-nos diante de um filme como sujeitos que vêem e ouvem, como se aquilo que é visto e ouvido não tivesse agência. Assim, as categorias cinematográficas ocidentais de paisagem e paisagem sonora me parecem insuficientes para pensar o audiovisual de um ponto de vista anti-colonial, para além do reinado do sujeito ocidental. Com esse objetivo analiso  Pântano (2001), de Lucrecia Martel y de Waiá Rini, e O poder do sonho (2001), do Divino Tserewahú. As imagens e os sons destes filmes explicitam que o audiovisual vai além do campo ficcional ou documental do filme. É preciso aceitar que não escutamos o som nem vemos a imagem, mas escutamos no som e vemos na imagem. Mundo, imagens e som não são superfícies fixas, mas fluxos onde existimos e nos movemos. Movimentos complexos que vão para além da escala humana e pedem um enfoque ecológico, no qual o audiovisual é um mediador de  formas de conhecer.

Yanet Aguilera é professora de História do Cinema do Curso de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. Possui graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1985), mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1996) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2007). Atuando principalmente nos seguintes temas: cinema, estética, ética, artes plásticas e política.


 

Rose May

No Decurso do Tempo, a fotografia, o cinema e o devir

 

No Decurso do Tempo (“Im lauf der zeit” – 1976), dirigido por Wim Wenders, trata-se do meu filme-objeto. Esse filme socrático, de quase três horas, faz parte do início da sua carreira e, ao mesmo tempo, encerra a sua trilogia on the road  que o tornou conhecido mundialmente. Filmes de estrada são metáforas óbvias dos rumos da vida e sutis quando se trata sobre a transitoriedade do universo das imagens e toda a incomunicabilidade que estamos vivendo. Para pesquisadores, imagens são instrumentos. Por isso, com o objetivo de compreender a experiência do cinema e os reflexos dessa linguagem em nosso cotidiano, precisei entendê-lo como uma linguagem estética, poética ou musical, com uma sintaxe e um estilo próprio. Na busca de uma possível correlação entre imagens, viagens e identidade, busquei analisar aquilo que Wim Wenders propõe: o sentido para uma vida está no decurso e não necessariamente no seu início ou fim. Nada mais filosófico e existencial do que pensar esse filme por meio da arqueologia do cinema (Thomas Elsaesser) e todo um passeio poético que perpassa a fotografia, o instantâneo, o fílmico e os seus devires. 

Rose May Carneiro - Fotógrafa, Cineasta, Professora Adjunta e Coordenadora de Extensão da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), além de pesquisadora do grupo Narrativas e Experimentações Visuais. Possui bacharelado em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), mestrado em Comunicação e Processos Culturais (UnB) onde estudou o mito da marginalidade no filme O Bandido da Luz Vermelha. Fez o doutorado na linha Imagem & Som (FAC/UnB) com uma pesquisa sobre viagem, identidade e incomunicabilidade nos road movies de Wim Wenders. Atualmente, leciona, no curso de Audiovisual, as seguintes disciplinas: Documentário 1, Cinema Brasileiro e Seminários de Direção de Fotografia. (rosemay@unb.br)



 

Ronald Jesus

 O choque lumínico no Sertão do Cinema Contemporâneo

Conceito estabelecido por Ricardo Aronovich, na ocasião das filmagens de Os Fuzis (Guerra, 1964), o choque lumínico (superexposição da luz) funcionou, especialmente durante o Cinema Novo, como uma ferramenta discursiva que adicionava potência de sentido à paisagem sertaneja: Vidas Secas (Santos, 1963) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (Rocha, 1964) são alguns dos exemplos que utilizaram essa forma de fotografia cinematográfica, que ofusca os olhos do espectador e entregam ao mesmo uma experiência de imersão, apresentando uma prova de como seria estar diante daqueles cenários e dentro daquelas narrativas. Contando com esse fundo histórico, essa proposta de trabalho trará exemplos de dessa abordagem visual no cinema contemporâneo, tendo como corpus os filmes Olhos Azuis (Joffily, 2009), Cinema, Aspirinas e Urubus (Gomes, 2005) e Sertânia (Sarno, 2020). Nesse diálogo, que apresenta o que o diretor de fotografia Waldemar Lima defendeu enquanto busca por uma “fotografia participante”, buscaremos entender como essa luz intensa pode reinventar a paisagem e caracterizar os estados físicos e mentais dos personagens.

Ronald Jesus é diretor de fotografia, músico e professor. Bolsista CAPES de doutorado (em andamento) pela Faculdade de Comunicação – UnB, linha de pesquisa Imagem, Estética e Cultura Contemporânea. Graduado em Comunicação Social - Rádio e TV (UESC), Mestre em Comunicação (UnB). Recentemente, dirigiu e fotografou os filmes Entre Rios, entre nós (2021) e Sobre O caos agradecido (2019). Desde 2009, realiza pesquisa sobre prática e ensino da Direção de Fotografia.

 

 

MESA  5:  EXPERIENCIAR, CODIFICAR E APROPRIAR-SE DA PAISAGEM

 

  

 Patricia Franca-Huchet

 Uma paisagem para Antígona: narrativa fotográfica e literária 

 

Para o 2˚ Colóquio de Fotografia da Universidade de Brasília, Patricia Franca-Huchet apresentará uma pesquisa que dá continuidade ao seu interesse pelo figural, pelo personagem e pela teatralidade do espaço, da imagem e da paisagem. O trabalho artístico e textual sobre Antígona, em processo desde 2017, abriu a reflexão sobre esta personagem de envergadura histórica e universal, que possui características que ressoam muito na vida psíquica das mulheres hoje em dia. Judith Butler evoca a dimensão antropológica e feminina de Antígona e nos lembra que ela foi a primeira mulher que forjou a chance e a capacidade de produzir um conhecimento, uma arte e um modo de sobrevivência. Nesta perspectiva, Antígona vivencia uma paisagem diversa; seja cuidando de seus irmãos frente ao mar ou seja acompanhando o seu pai cego — o maior poeta da cidade — em paisagens diversas, sobretudo marítimas. Focalizarei especialmente o momento em que se torna prisioneira, no qual a paisagem tem uma importância sensível nas imagens e no entorno desse movimento artístico, que foi acompanhado por uma longa pesquisa teórica e literária. 

Patricia Franca-Huchet: Professora Titular, Pesquisadora e Artista da Escola de Belas Artes da UFMG. Doutorado e Mestrado pela Université de Paris I | Sorbonne. Master 1 pela Université de Paris VIII. Pós-doutorado pela Université de Paris III — no Centre de Recherche en Esthétique du Cinéma et des Images (CRECI-2008) e na EHESS no INHA (2019). Trabalha sobre a imagem focalizando seu interesse pela reconstrução crítica da tradição pictural. Divide as suas atividades entre o ensino, pesquisa, apresentações orais de trabalho, publicações, edições, curadoria de eventos e exposições.  Coordena o Grupo de Pesquisa Bureau de Estudos sobre a Imagem e o Tempo no PPGartes da UFMG. Participou de várias exposições no Brasil e no exterior. Foi Residente do IEAT: Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG e hoje é representante da área de Humanas no mesmo instituto. É pesquisadora do CNPq.

 

Tiago Quiroga (Unb-FAC)

A comutação da paisagem

 

Para o ensaísta francês Paul Virilio, as cidades modernas têm suas paisagens radicalmente transformadas pelos chamados protocolos telemáticos. Pensadas como dispositivos urbanos, elas resultam de novas topologias eletrônicas em que a experiência da paisagem passa a estar dada menos pela geografia e mais pela comutação de dados. Com o avanço das interfaces como novas superfícies-limite, passamos a habitar a paisagem atemporal, microprogramada e atópica da informação. O resultado trata de um tipo de neutralização do olhar, em que a paisagem migra do devaneio à compulsão generalizada por sensações, espécie de autotranscendência coletiva. 

Tiago Quiroga: Pós-doutorado [2017-2018] Interdisziplinäre Zentrum für Historische Anthropologie, Freie Universität (FUB), Berlim, Alemanha. Doutorado [2009] Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Mestrado [2004] Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ). Bacharel em Jornalismo [2000] Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ). Vice-diretor da Faculdade de Comunicação (FAC), Universidade de Brasília (UnB), quadriênio 2019-2023. Líder de grupo de pesquisa certificado pelo CNPq, Ambiente 33 - Espacialidades, Comunicação, Estética e Tecnologias; membro do Laboratório de experimentação em linguagens digitais para dispositivos móveis e desenvolvimento de novos produtos jornalísticos para tablets e smartphones (Labdim), certificado pelo CNPq. Membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (PPGCOM-UnB), coordenador da linha de pesquisa de Teorias e Tecnologias da Comunicação.


 

Denise Moraes

Cartografias digitais da cidade: narrativas de si e paisagem 

 

As mídias sociais se afirmam enquanto espaço fértil na frutificação das narrativas de caráter pessoal, nas quais o próprio usuário se insere enquanto personagem principal. Entre as mídias, o Instagram - rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos - expõe narrativas pessoais organizadas com base no deslocamento dos usuários nos espaços cotidianos. O artigo em questão, pretende analisar, a partir das concepções de “caminhante” e “práticas do espaço” evidenciadas por Michel de Certeau, a apropriação da cidade pelas narrativas de si compartilhadas na rede Instagram. Em seus estudos sobre o cotidiano, Certeau reconhece diferentes modos de se percorrer um espaço, definindo os caminhantes enquanto sujeitos ativos na organicidade móvel da cidade. Ao mesmo tempo em que percorrem os lugares, eles os selecionam e os organizam por meio de seus relatos. Nesse sentido, as narrativas de si nas redes sociais se evidenciam enquanto práticas de espaço, reforçando a subjetividade do usuário e sua relação singular com a cidade.

Graduada em Cinema e Audiovisual (Université Paris VIII) e Arquitetura e Urbanismo (UnB), com doutorado em Comunicação (UnB), Denise Moraes é professora do curso de Audiovisual da Universidade de Brasília. Co-dirigiu o longa metragem "A Pele Morta", road-movie filmado no Brasil e no Paraguai, além de vários curtas metragens, entre eles "Memória de Elefante", premiado e exibido em festivais nacionais e internacionais. Desenvolve pesquisa no campo das narrativas visuais a partir do estudo da interrelação espaço e personagem.   


 

Lourenço Cardoso

Olhares múltiplos, paisagens fragmentadas e narrativas autorais: uma análise do prêmio Olhar Brasília de Fotografia

 

O prêmio Olhar Brasília de Fotografia, realizado no ano de 2019 e promovido pelo portal de notícias olharbrasilia.com, teve como intuito fomentar a produção de imagens que refletissem sobre a diversidade regional e paisagística que compõem a capital federal. Com o tema “A beleza de uma capital que se revela”, o concurso contou com pouco mais de 400 imagens inscritas que em conjunto nos levam para um sinuoso trajeto de significados e paisagens mutáveis. A partir da leitura e decodificação dos elementos escolhidos e representados pelos participantes, analiso o modo como estas distintas alegorias produzem múltiplos significados sobre a cidade e tecem uma rede de paisagens metafóricas sobre este território e seus lugares. Cenas foram emolduradas por olhares díspares, por personagens com percepções multifacetadas e que refletem a inconstância na tradução visual de uma localidade. São fotografias que vão da consolidação do olhar comum – muitas vezes aprisionado no conceito de cidade arquitetônica -  a imagens  que nos obrigam a vasculhar a consciência de seus autores para tatearmos possíveis sentidos. 

Lourenço Cardoso - Bacharel em Antropologia Social (UnB) e Mestre em Comunicação na linha de Imagem e Som (UnB). Dedica-se à pesquisa e produção fotográfica com ênfase no fotojornalismo e na fotografia documental. Foi professor substituto na Universidade de Brasília (UnB), professor adjunto da faculdade de jornalismo da Universidade Paulista (UNIP), professor assistente na faculdade de fotografia e cinema do Instituto de Educação Superior de Brasilia (IESB) e atualmente leciona as disciplinas de fotojornalismo e fotografia publicitária no Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

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